terça-feira, 4 de novembro de 2008

O BPN e o anjo da guarda

A decisão da nacionalização relâmpago do BPN, decidido (ou operacionalizado) num Conselho de Ministros extraordinário, realizado no passado Domingo, demonstra, mais uma vez, que vivemos na era da politica do imediatismo. E pior, na época em que são tomadas medidas importantes e sensíveis, a um Domingo (criando assim a percepção de gravidade e urgência), para sanar erros do passado.

Faz sentido que a questão das irregularidades e dos negócios escuros do BPN fossem tema para o comum dos mortais e que as entidades reguladoras competentes não tivessem conhecimento? E mais, que não actuassem? Faz sentido que, já em 2001, a Deloitte tenha mostrado reservas às contas que auditou e nada tenha sido feito? Faz sentido que tenha sido o Banco Central de Cabo Verde a informar o Banco de Portugal, em Março deste ano, das irregularidades existentes no BPN? Não. Nada disto faz qualquer sentido.
O Estado sabia, já há muito, o que se passava no BPN. Se não soubesse o seu nível de incompetência seria gritante. Porque deixou então a situação estender-se no tempo? Porque politicamente, até à data, ainda não tinha surgido o momento certo. Porque actuou agora? Porque a crise financeira mundial pareceria, um óptimo fundamento para a desgraça do BPN.
A crise financeira internacional não foi a causa directa da situação do BPN. Apenas a agravou.
Consequências desta história mal contada: A aprovação de um Decreto lei que permitirá ao Governo, no futuro, nacionalizar empresas sem a aprovação dos deputados; 4.400 funcionários com o futuro incerto (até novas ordens ou novos donos); A criação da percepção do orgulho de termos um Governo paternalista que não ‘nos deixa cair’; Novos encaixes financeiros para o Estado com a provável reprivatização do BPN.

O que não vale uma história bem contada...

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