quinta-feira, 6 de março de 2008

Apostar em Relações de Confiança

Com a evolução da mentalidade dos novos gestores o papel das agências de comunicação foi crescendo e actualmente qualquer empresa que preze a sua imagem – interna ou externa - não abdica do aconselhamento estratégico das Consultoras de Relações Públicas.

Este papel das Consultoras faz com que, actualmente, estas empresas devam funcionar como extensões das Direcções de Comunicação ou Administrações dos clientes e lhes forneçam um apoio contínuo e de qualidade.

Este apoio não deve ser de mera execução (as agências de comunicação não devem existir com esse fim), mas de aconselhamento estratégico, de criação de soluções para as necessidades de imagem dos clientes, de detecção de oportunidades de comunicação ou de acompanhamento do cliente em situações de crise.

Para que seja possível um relacionamento de longa duração entre cliente e agência é necessário que exista, desde o início desta relação profissional, confiança mútua. Só a confiança permite aos consultores analisar objectivamente as situações em que se encontram os clientes e muitas vezes discordar dos mesmos.

As relações públicas são uma disciplina muito específica, que depende de um conjunto de factores externos e de um conhecimento profundo da actividade, pelo que o Consultor pode e deve contestar a opinião do cliente, sempre que considerar que a sua estratégia não é a indicada para obter os melhores resultados.

Na minha actividade, nem sempre o cliente tem razão! E é bom que o informemos disso. Um bom consultor não abdica de aconselhar o cliente da melhor forma. É para esse efeito que é pago!

Lembro-me de, há já alguns anos, ter tido uma reunião desastrosa, com uma empresa que pretendia desenvolver um plano de assessoria mediática para um evento na área económica. Estruturei a que considerei ser a melhor estratégia de comunicação para o tema (que por si não era fácil) e fui apresentá-la. Estava eu sentada a tentar explicar o conteúdo da proposta, quando o meu interlocutor, após uma breve leitura da mesma, resolveu esventrá-la por completo. ‘Não necessitamos de uma informação à imprensa, uma vez que ela já vem feita dos EUA (como se as audiências fossem sequer parecidas!). Não necessitamos de marcação de entrevista porque conheço um jornalista numa revista que me trata disso…’ e assim em diante.

Dei por mim, estupefacta, a pensar como era possível eu vir a trabalhar com alguém que via as relações públicas, assim como um 1,2,3 dos electrodomésticos. Quando o meu interlocutor me perguntou, qual o passo a seguir, respondi-lhe que o próximo passo era eu pensar se seria possível e eficaz trabalharmos juntos.

Resolvi, pela primeira vez na vida, recusar um potencial cliente porque simplesmente não confiava nele. E, sem confiança, o trabalho nunca poderia ter sucesso.

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