sexta-feira, 31 de outubro de 2008

Trabalho é trabalho, conhaque é conhaque

Agradeço o simpático post do João Duarte, no seu 'Fundo da Comunicação' mas gostava de deixar claro que em negócios não há simpatias (trabalho é trabalho, conhaque é conhaque).
O texto que escrevi sobre o tema Lift/Imago não é mais do que a constatação de uma realidade. O mercado perdeu uma oportunidade de concentração mas não perdeu, de facto, duas agências de referência.
O nosso mercado precisa, cada vez mais, de boas consultoras. Precisa de alinhar por cima e não por baixo.
Aliás, parece-me inequívoca a constatação de que o crescimento do mercado português de consultoria de comunicação tem estado alavancado a um grupo muito restrito de consultoras. E que é graças a essas consultoras que continua a crescer (mesmo em contra ciclo).
Perguntam-me agora, mas o que são, para si, boas consultoras de comunicação? São as que apresentam uma resposta profissional e eficaz às necessidades de comunicação dos clientes, são as que se preocupam em possuir os melhores recursos humanos, são as que pensam antes de agir, são as que desenvolvem os procedimentos adequados e são as que se fazem pagar de uma forma justa e sem complexos pelo seu trabalho.

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Concorrência... para que te quero

Sou das que gaba a concorrência (quando ela merece). A concorrência quer-se de qualidade. E esta máxima é fundamental para os players que pretendem operar num mercado sério, transparente e profissional.
Toda esta prosa surge a propósito das notícias veiculadas, hoje, na imprensa, sobre a suspensão da fusão de duas das melhores consultoras nacionais: a Lift e a Imago.
O mercado português não vai ganhar uma mega consultora nacional mas também não vai perder duas excelentes consultoras de comunicação.
Nem tudo são más notícias!

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Onde pára o sentido de Estado?

Assusta-me a crise financeira mundial mas verdadeiramente o que me assusta mais é a crise da política nacional. Se o estado fosse uma empresa e se eu fosse a Presidente do Conselho de Administração, o Director de Recursos Humanos estava ‘frito’.
Será que nos requisitos exigidos a quem prossegue uma ‘carreira’ politica já não consta o sentido de Estado?

sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Pobreza...por cá

‘Em Portugal, 18% da população vive abaixo do limiar da pobreza, ou seja, com salários mensais entre os 360 e os 366 euros, segundo dados da Associação Cais, divulgados hoje no Dia Mundial para a Erradicação da Pobreza. ‘ in Expresso on line
‘Só nos primeiros seis meses deste ano recorreram aos seus serviços de apoio social um total de 4.695 pessoas, o equivalente a 64% do valor total de pessoas que recorreram à AMI durante os doze meses de 2007. ‘in Expresso on line

Facto: Um milhão e oitocentos mil portugueses vivem abaixo do limiar de pobreza.
Conceito: Se nos regermos por uma definição económica simplista, limiar de pobreza é o nível de rendimento abaixo do qual uma família é incapaz de satisfazer as necessidades mínimas dos elementos que a integram.
Conclusão: Um milhão e oitocentos mil portugueses (sobre)vivem com um rendimento que não lhes permite garantir a satisfação das suas necessidades mínimas.

Infomação que poderia muito bem ser ilustrada por uma reportagem que foi para o ar, ontem, no Jornal da Noite, na SIC. Uma contribuinte, que trabalha como assessora de administração de uma empresa, o seu marido e os seus sete filhos tiveram, este ano, de deixar o seu apartamento de 200 m2 e mudar-se para outro com 90m2. Para o jantar, naquela noite, tinham uma pequena quantidade (algo como 200gr) de carne que, depois de muito bem desfiada, daria uma óptima arrozada. Era só acrescentar ervilhas ou milho… Esta não é mais que a triste imagem da situação económica de milhões de portugueses!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

A ilegitimidade dos telefonemas

De há uns anos a esta parte tenho ouvido falar insistentemente de ‘pressões’ ilegítimas sobre os Media. São os directores dos meios de comunicação social que se queixam, são comentadores que acusam e é a ERC que julga…
Ainda ontem, José Manuel Fernandes, director do jornal Público afirmava á saída da audição na Entidade Reguladora da Comunicação Social (ERC), no âmbito das acusações de Cintra Torres de que a RTP cedeu a pressões governamentais na cobertura de incêndios que ‘uma das questões que a ERC deve verificar é se as instruções genéricas dadas por organismos públicos, e, portanto, tutelados pelo Governo, face ao acesso dos jornalistas à informação sobre incêndios foram além do razoável’ e ainda que ‘essas indicações acabaram por constituir limitações à liberdade de imprensa impostas pelo Governo’.
Não me vou pronunciar sobre factos pois não os conheço. Mas quer-me parecer que, em qualquer país civilizado, num qualquer caso de catástrofe natural (e em Portugal os incêndios são mesmo uma catástrofe) as autoridades têm não só o direito, como a obrigação de definir a estratégia de segurança que melhor assegure a integridade física da população (incluindo a dos jornalistas).
De qualquer maneira a questão que aqui se levanta é esta: Será que um telefonema de uma empresa ou de um organismo público para um jornalista cria, só por si, uma forma de pressão? Não é através desses mesmos telefonemas, embora em sentido inverso, que os jornalistas encontram as suas ‘histórias’?
Estes casos fazem-me lembrar as acusações que muitas vezes os Media lançam a figuras públicas (como Lady Diana Spencer). Utilizam-nos quando precisam e depois já não querem nada connosco.
Sim. A imprensa tem o direito de informar livremente. Mas também tem a obrigação de ouvir as suas fontes habituais e de respeitar o contraditório. E mal estaria a democracia portuguesa se um director, um editor ou um jornalista de um Órgão de Comunicação Social tivesse que modificar a sua politica editorial e os conteúdos por receber telefonemas das suas fontes.
Há muitos anos que converso diariamente com jornalistas e garanto que nunca tinha sentido este ‘complexo’.
Como já referi uma vez num artigo de opinião que escrevi no jornal Oje, os jornalistas não são testemunhas presenciais da maioria dos factos que descrevem. Recorrem a pessoas, instituições e organismos das mais variadas índoles para que lhes seja facultada informação sobre determinado acontecimento. Recorrem às chamadas ‘fontes de informação’. É, portanto natural existirem conversas entre jornalistas e fontes. E se é natural os jornalistas falarem para as fontes porque é que é assim tão estranho as fontes telefonarem para os jornalistas?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

A pobreza é a nossa vergonha

'Há uma certa vergonha em sermos felizes perante certas misérias'
Jean de La Bruyère , França [1645-1696]
Escritor, Moralista
















quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Dúvida do Dia


O que vale mais, uma boa história
ou uma história bem contada?



quarta-feira, 8 de outubro de 2008

A crise chegou ao mercado das RP's?

A crise nos mercados financeiros mundiais roubaram-me muito tempo nos ultimos dias. No meio de toda esta crise lembrei-me do artigo que escrevi, para a edição 2009 do Anuário da Hollis Public Relations, na qualidade de Vice-presidente da APECOM.
É que dos escassos dados que o mercado possui chega-se á conclusão de que a crise não tem atrapalhado o crescimento das principais consultoras nacionais. Aqui fica o meu ponto de vista sobre o tema:
'Quando a crise potencia oportunidades de crescimento
Apesar da crise económica que a Europa atravessa actualmente, o sector das relações públicas, em Portugal, continua a apresentar taxas de crescimento muito interessantes, quando comparadas com as apresentadas pela maioria dos outros sectores de actividade.
Podemos considerar 2007 como mais um ano de franco crescimento para as principais agências portuguesas, cujos resultados aumentaram, em média, cerca de 20%. E este crescimento não se revela só em quantidade como também em qualidade, designadamente na exigência de maior profissionalismo às agências.
Este facto vem confirmar a importância cada vez maior que os gestores nacionais dão às Relações Públicas enquanto ferramenta do marketing. Começa a ser generalizado o entendimento de que o crescimento económico das empresas será sempre beneficiado se acompanhado por uma imagem de credibilidade e prestígio junto dos seus públicos-alvo e que os problemas de imagem poderão encontrar nas relações públicas o agente chave da mudança. Esta realidade, que não era entendida há uns anos atrás pelos responsáveis das empresas encontra-se, nos nossos dias, em profunda mudança.
A consequência é a maioria das grandes instituições públicas e privadas portuguesas bem como a quase totalidade das multinacionais presentes no país, já não abdicarem do aconselhamento estratégico das consultoras de Relações Públicas. E esta realidade estende-se agora, também, a um número significativo de pequenas e médias empresas nacionais, que constituem a maioria do tecido empresarial português.
Além do maior reconhecimento da própria actividade ao nível da imagem e da reputação, é provável ainda que o crescimento tenha ainda origem nos constrangimentos económicos ditados pela crise que têm levado vários gestores a alargar o seu espectro de actividades e a distribuir o montante dos seus orçamentos por disciplinas que lhes ofereçam uma relação custo-benefício reconhecidamente superior ao da publicidade.
De acordo com os resultados do último estudo de benchmarking realizado pela APECOM, junto das principais agências a operar em Portugal (menbers and not menbers of APECOM), mais de 50% das mesmas referem que as empresas nacionais são predominantes na sua carteira de clientes, afirmando ainda que os sectores de actividade que mais procuram os seus serviços são os da Industria farmacêutica e heathcare, IT e High technology and consumer goods.

No caminho da maturidade
O amadurecimento do mercado e a profissionalização das agências de relações públicas e comunicação portuguesas levou, consequentemente, a um aumento da sua capacidade de resposta e à disponibilização de um serviço integrado de comunicação.
Ferramentas como gestão de crise, public affairs, comunicação interna ou formação de porta-vozes que, embora disponíveis eram, há alguns anos, apanágio de apenas um pequeno grupo de empresas, começam hoje a assumir-se como uma prioridade para grande parte da comunidade empresarial.
É que a conotação simplista das relações públicas com o serviço de assessoria mediática, na qual se tomava a parte pelo todo tende a desaparecer e assiste-se agora ao crescimento da percepção, por parte dos clientes, de que se obtêm melhores resultados com o apoio de uma estratégia integrada de comunicação, capaz de potenciar todas as ferramentas disponíveis e de impactar todos os seus públicos-alvo.
As agências de comunicação podem e devem ser o ‘braço direito’ das empresas na gestão da sua comunicação e imagem, transferindo para o cliente as suas principais mais-valias: um serviço prestado por profissionais experientes e pro-activos, disponibilidade para acompanhamento personalizado, imparcialidade na análise das questões, soluções estratégicas para diferentes necessidades, resultados eficazes... e redução das preocupações e carga de trabalho dos clientes nesta matéria.'

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Gargalhada Mundial

O deputado português José Lello, Presidente da Assembleia Parlamentar da NATO, está indignado (in Publico). E com toda a razão. Então não é que os soldados russos lhe apontaram metralhadoras quando visitava um posto de controlo na Geórgia. Até teve de dar dois passos atrás. E eles (os russos) estavam mesmo a provocá-lo. Nem se percebe como os soldados russos, num posto de controlo, algures na Geórgia tenham armas (uma realidade desconhecida aqui no nosso cantinho. Bom, talvez haja uma ou outra lá para os lados da Quinta da Fonte) Há, e pior ainda, como é que não conheciam o José Lello?

Ainda bem que nós portugueses temos mau feitio. José Lello chamou logo a polícia local e clamou ao mundo ter sido alvo de violência. E, mesmo depois de dar dois passos atrás descobriu que, á frente, estão a ser montados novos postos de controlo . E mais uma vez gritou, para quem quisesse ouvir, que os russos não estão a cumprir o acordo de paz. Nem o deixaram entrar na zona Tampão. Imagine-se!

De facto, só o Javier Solana é que não percebe nada disto. Então não é que discorda do nosso Lello e declara, numa reunião informal dos Ministros da Defesa da EU que ao final do primeiro dia da missão de observação da UE ‘tudo está a evoluir positivamente e não há problemas a registar’.

Bom. Confesso que não sei bem se ria ou chore. Estou mais como a Cristina Ferreira de Almeida no Corta-Fitas. Estou espantada e triste. Assim é fácil sermos conhecidos no mundo. Como gargalhada mundial.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Responsabilidade Social não se reduz à Filantropia


A Responsabilidade Social é uma forma de conduzir a gestão das empresas que pretendem fomentar o desenvolvimento social. A empresa socialmente responsável é aquela que tem a capacidade de ouvir os interesses das diferentes partes conjugadas no projecto da empresa (estou obviamente a referir-me aos stakeholders) e tomar medidas coerentes que possam beneficiar todos. Nunca esquecendo que na base da sua politica de responsabilidade social está a ética que se expressa através dos princípios e valores adoptados por cada organização empresarial.

Este conceito é bem diferente do conceito de Filantropia, que trata basicamente da acção social externa da empresa que beneficia a comunidade nas suas mais diversas formas – ONG’s e associações comunitárias, entre outras.

Estas acções filantrópicas são de grande importância para a comunidade, dado que a maioria dos seus beneficiários, que desenvolve um trabalho extraordinário em prol de doentes ou carenciados, têm apenas como verbas fixas, pequenos subsídios estatais. Estes subsídios não lhes dariam para sustentar a sua actividade mais do que dois meses por ano, pelo que, os fundos provenientes destas acções de solidariedade social, promovidas por empresas ou produtos, são da maior importância para a sua sobrevivência. E é com muito orgulho que posso afirmar que, há mais de quinze anos, que promovo acções de solidariedade social com os meus clientes e pretendo continuar a fazê-lo.

Serviu toda esta teorização para que eu pudesse explicar que, actualmente, ainda existe, nalgumas empresas uma grande confusão acerca de um e outro conceito.

Não basta às empresas organizar acções em benefício de algumas instituições de solidariedade social para que se possa considerar uma empresa socialmente responsável. Há que ir mais longe! E é bom que essas empresas o entendam, dado que, no futuro, se vai exigir que as empresas sejam socialmente responsáveis.

E, para isso, o tecido empresarial português tem ainda um grande caminho a percorrer que terá que começar, inevitavelmente, pela compreensão do conceito de responsabilidade social.

Penso ainda, que os órgãos de comunicação social, nomeadamente os económicos, terão um papel importante nessa função pedagógica.

É necessário uma mudança da cultura da gestão das empresas que deverá passar a basear-se nos conceitos dos três P’s – Profit , People e Planet – e no conceito do Desenvolvimento Sustentável, que promove a satisfação das necessidades do presente sem comprometer a capacidade das futuras gerações de satisfazerem as suas próprias necessidades.

As empresas deverão ainda desenvolver práticas de negócio abertas e transparentes e divulgar a sua ‘performance’ social e ambiental, em relatórios anuais. Actualmente, em Portugal, já existem empresas que o fazem voluntariamente, mas no futuro, estes relatórios deverão passar a ser obrigatórios.

É que Responsabilidade Social é muito mais que ética e cidadania!